Certa feita lia um artigo comemorativo dos 155 anos de “O Livro dos Espíritos” escrito por Jorge Leite de Oliveira e publicado na revista espírita O Reformador. O interessante artigo explicava a conhecida história da produção dessa obra básica, quando tocou em um ponto muito curioso.
O texto dizia: “Rivail (verdadeiro nome de Allan Kardec) cercou-se de todos os cuidados para evitar fraudes, bem como da companhia de pessoas sérias como ele, e, com base no método da observação e da experimentação, preparou 1.019 perguntas, que foram respondidas pelos emissários celestes, sobre as mais transcendentes questões.”
Neste momento questionei-me, pois já havia lido o Livro dos Espíritos e tinha certeza de que eram apenas 1018 perguntas. Para esclarecer a dúvida, peguei meu exemplar e abri na última pergunta: como suspeitava, eram 1018.
Intrigado, perguntei-me como uma revista publicada e revisada pela FEB poderia cometer tal engano ao permitir a publicação do número errado de perguntas da importante obra na matéria da renomada revista. Achei um absurdo.
Mal sabia que o errado nesta história era eu. Como a dúvida me consumia juntamente com a vontade de descobrir qual a pergunta extra que eu deixara escapar, resolvi pesquisar sobre o assunto e acabei descobrindo fatos que, na hora da leitura, não havia me atentado. Por exemplo:
Você sabia que a maior pergunta de O Livro dos Espíritos é a questão 394, traduzida para o português com 153 palavras.
E que a menor pergunta é a questão de número 1 contendo apenas 3 palavras.
Ou mesmo que
A maior resposta é a da questão 1009, que apresenta quatro mensagens de Espíritos Nobres e a participação final do Codificador.
E a menor é a 625, respondida com uma única e insubstituível palavra, JESUS.
Sabia desses fatos? Havia se atentado para eles durante a leitura? Curioso e interessante, não é? Mas ainda assim não consegui achar qual é a pergunta misteriosa. Resolvi intensificar a pesquisa, obtendo um resultado positivo. Encontrei um estudo de um carioca chamado Adésio Alves Machado e ali estava a explicação do meu dilema intelectual.
Segundo Adésio, “O Codificador, segundo a FEB (Federação Espírita Brasileira), não teria numerado a pergunta imediatamente após a 1010, aquela que seria a 1011. Assim sendo, o livro teria 1019 e não 1018.”
Para efeitos de esclarecimento, transcreverei a questão 1011, que Kardec teria se esquecido de numerar, e a questão 1019, a última de sua obra. A questão 1011 seria:
1011 – “Assim a igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina ela mesma a doutrina da reencarnação?”
E a pergunta de número 1019 seria aquela que na obra carrega o número 1018:
1019 – “Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?”.
Referências:
http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=289
Adésio Alves Machado, Números em O Livro dos Espíritos.