Na semana passada, o papa Francisco elevou aos altares da Igreja Católica Apostólica Romana como santa Madre Teresa de Calcutá, que fora beatificada por um dos seus antecessores, o papa João Paulo II. Como sou um grande admirador desse venerando anjo da caridade, estou tomado de grande emoção, embora pertencendo às fileiras da doutrina espírita, o que não invalida o respeito que nós, os espiritistas, mantemos por todas as criaturas… Desde o momento em que ela retornava de um labor de reflexões em outra cidade, que teve a perfeita visão em torno de uma cruz na clausura do mosteiro em que laborava. A figura de Jesus mantinha sob os pés os dizeres: Tenho sede.
Ela perguntou-se qual fora o líquido que Lhe haviam dado na cruz antes da Sua morte e recordou-se do vinagre e do aloés que Lhe umedeceram os lábios num tecido molhado e posto na ponta de uma lança. Ato contínuo, perguntou-se o que ela própria Lhe estava oferecendo, já que Ele continuava com sede de amor, e teve a coragem de constatar que permanecia presa a dogmas e cerimônias, bem como ao curso de inglês que ministrava a meninas da classe média alta no Colégio do Convento.
Naquele momento, nasceu a cristã corajosa que enfrentou as dificuldades tremendas que dominavam as religiões indianas e a própria Igreja, e passou a ser a caridade viva. Seriam registrados os seus gestos de abnegação, amor e renúncia absoluta em favor dos “filhos do calvário” a que se referira Jesus.
Hansenianos abandonados, tuberculosos esquecidos nos guetos de miséria, crianças em estado deplorável, famílias despedaçadas passaram a receber o seu amparo e das suas filhas espirituais, que vieram depois e a humanidade não mais foi a mesma. Centenas de milhares de leprosos foram arrancados das furnas em que se encontravam, das latas de lixo onde eram jogados para morrer mais rapidamente e demonstrou que a caridade é a flor mais bela produzida pelo amor.
A partir de então, Jesus fez-se esperança dos desfavorecidos…
Publicado no jornal A TARDE, de 22 de setembro de 2016.